A urgência de investimentos para a Coleta Seletiva

Durante a minha adolescência, com a instrução dos meus pais, comecei a ter familiaridade com a prática de separar o lixo orgânico, do lixo reciclável. Hoje em dia, quando se fala tanto em preservação do meio ambiente, parece surreal não fazer o correto descarte. Eu tive orientação e educação para entender que a simples separação de um material do outro, ajuda não só o ecossistema, mas gera emprego e renda para muitas pessoas. Infelizmente, sabemos que ainda estamos longe de ser uma sociedade consciente no correto descarte do lixo.

Mas como eu tinha uma sementinha plantada, assim que conseguimos fechar o lixão de Caldas, enquanto eu era prefeito, e criarmos o Consórcio entre municípios vizinhos para que os dejetos fossem corretamente descartados e aterrados numa área do município de Andradas, eu quis disseminar essa sementinha da consciência e atitude sobre os materiais recicláveis.

Coleta seletiva é o melhor caminho

A importância da coleta seletiva é justamente a redução dos impactos ambientais do consumo. Quando separamos o lixo (ou o que sobrou do que consumimos), facilitamos muito o seu tratamento e diminuímos as chances de impactos nocivos para o ambiente e para a saúde da vida no planeta, incluindo a vida humana.

Por isso, batalhei e consegui levar a campanha sobre a importância da coleta seletiva para as escolas da cidade. O simples ato de colocarmos lixeiras coloridas e identificadas para cada tipo de material reciclável estimulou a garotada. As crianças e jovens são os melhores multiplicadores de boas ideias e ações.

Paralelamente, o tema era abordado em todas as disciplinas de maneira transversal. A criança aprendia na escola e depois ensinava os pais, irmãos, avós e tios. Com os programas educacionais os nossos alunos se informaram e se tornaram atores das transformações.

Eles perceberam que a coleta seletiva auxilia na reciclagem de diversos tipos de materiais que seriam descartados no aterro e que hoje são destinados aos catadores que passam nas ruas ou às Cooperativas de Materiais Recicláveis. Tem muita gente trabalhando com o reciclável e sustentando famílias e mais famílias.

Educar para preservar

A mudança de costumes e hábitos é fundamental, mas o poder público pode fazer mais. As cooperativas podem receber mais atenção e incentivos. Muitas vezes, elas fazem somente seleção dos materiais (papel, vidro ou plástico), os quais têm, cada um, uma tecnologia específica para ser reciclado.  Sem essa tecnologia e maquinário específicos, os trabalhadores deixam de fazer o beneficiamento e deixam de ganhar mais pelo trabalho.

Como a gente viu, a coleta seletiva emprega milhares de pessoas, contribui para a limpeza das cidades e zona rural, conserva os recursos naturais, diminui a poluição do meio ambiente e estimula a consciência ambiental. Eu abraço essa causa como uma das mais importantes para o desenvolvimento sadio e responsável de uma comunidade.

Vou aproveitar e deixar aqui algumas curiosidades sobre a taxa de reciclagem de alguns produtos no Brasil.  Veja como podemos fazer muito mais.

Segundo a Associação Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), o Brasil produz mais de 240 mil toneladas de lixo por dia, dos quais 45% é reciclável. No entanto, o país recicla apenas 2% do lixo urbano produzido.

Plástico

23,1% de todo o plástico produzido em 2020 foram reciclados.

O volume de resina plástica pós-consumo produzido no Brasil em 2020 foi de aproximadamente 884 mil toneladas.

Fonte: http://www.picplast.org.br

 

Latas de aço

47,1% das latas de aço consumidas no Brasil foram recicladas em 2019.

Cerca de 200 mil toneladas de latas de aço pós consumo retornam para o processo de reciclagem e mais de 9 milhões de toneladas de aço pós consumo são transformadas em novo aço.

Fonte:

www.abeaco.com.br/

www.prolata.com.br/

 

 

Latas de alumínio

98,7% das latas de alumínio foram recicladas em 2021.

Praticamente a totalidade de latas que foi colocada no mercado voltou para o ciclo produtivo.

Das 415 mil toneladas de latas comercializadas no período, 409 mil toneladas foram recicladas.

O Brasil é o país que mais contribui para a reciclagem do alumínio no mundo.

Fonte:

www.reciclalatas.com.br

 

Embalagens longa vida

42,7% foi o percentual de embalagens longa-vida recicladas no Brasil, em 2020.

O principal material das embalagens é o papel-cartão.

O papel-cartão é um material renovável, feito de madeira.​

As embalagens são totalmente recicláveis e têm em sua constituição até 80% de materiais provenientes de fontes renováveis.

Fonte:

www.tetrapak.com/br/sustainability

 

Papel

66,9% foi o índice de reciclagem para o papel em geral, em 2019.

O Brasil figura entre os principais países recicladores de papel do mundo.

Em 2018, 5,1 milhões de toneladas retornaram para o processo produtivo.

O índice de reciclagem geral para o papel é de 66,9% (2019). Se considerarmos somente os papéis de embalagem, esse índice fica em torno de 85%.

Fonte:

https://anap.org.br/

https://www.abpo.org.br/

https://www.abtcp.org.br

https://www.iba.org

 

Vidro

25,8% foi o índice de reciclagem do vidro no ano de 2018. A taxa foi divulgada pela Associação Brasileira da Indústria do Vidro – Abividro no Planares.

Fonte:

www.abividro.org.br/

 

Ulisses Guimarães
Médico Veterinário, Produtor Rural e Gestor Público

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