Valorização profissional do médico veterinário

Município de Caldas (MG) é exemplo da relevância da atuação dos médicos veterinários nas prefeituras conta Ulisses Guimarães

O CRMV-MG tem divulgado continuamente conteúdos relacionados à importância da atuação de médicos-veterinários junto às prefeituras municipais. O âmbito das atividades passa pela inspeção, segurança alimentar, controle populacional de cães e gatos, zoonoses, gestão de resíduos, entre tantas outras atividades ligadas à saúde única.

Paralelo a isso, a valorização da profissão e a compreensão da dimensão das atividades do médico-veterinário, até a criação efetiva de postos de trabalho na área, tem ligação com a representatividade política. É preciso sensibilizar as lideranças, bem como é importante que os profissionais compreendam os impactos das ações políticas na execução de seu trabalho.

O médico-veterinário e ex-prefeito de Caldas, dr. Ulisses Guimarães, relatou ao CRMV-MG sua experiência como liderança no âmbito do poder executivo e a criação de vagas para médicos-veterinários para atuação no município. Confira:

Ulisses Guimarães, o CRMV-MG tem destacado a importância de os médicos-veterinários e zootecnistas terem representação em cargos políticos. Qual a relevância dessa representação política para as profissões?

Vemos tantas outras profissões que são representadas e fazem toda diferença. Como os professores da educação, enfermagem, médicos, todos lutam por valorização e nós, médicos-veterinários, deixamos isso um pouco de lado e acabamos ficando sem representação tanto em Belo Horizonte, quanto em Brasília e até mesmo nos municípios.

Eu sou médico-veterinário, formado pela PUC Minas, em Poços de Caldas, e tive a oportunidade de ser prefeito em Caldas. Fui eleito o prefeito mais jovem da região, com 22 anos e reeleito em 2016 e nessas duas oportunidades à frente do executivo municipal eu pude perceber a falta da atuação da nossa profissão, até mesmo dentro dos municípios. Neste caso, eu me refiro a um município grande em expansão territorial, mas não tão grande em população e que tinha apenas um médico-veterinário responsável pela vigilância sanitária e fiscalizações que são pertinentes à nossa profissão. Então eu vi a falta que a gente faz, a necessidade de se ter médicos-veterinários em outras áreas é interessante para a população, como a causa animal, controle populacional, zoonoses, inspeção, etc.

Assim, quando estive à frente, contratei dois médicos-veterinários. Um deles atuava na área clínica, controle de zoonoses e de controle populacional; e o outro mais voltado para o serviço de inspeção municipal, com a criação do selo de inspeção, favorecendo o comércio dos produtos, gerando empregos, renda e oportunidades. Também trabalhamos no melhoramento da genética dos rebanhos e extensão rural; levamos mais conhecimento e manejo, conseguindo ter uma melhora na produção e na economia do município. O principal ponto do nosso município era agricultura e pecuária e não era voltada nesse sentido.

Ou seja, a gente vê que em um município pequeno, nós tivemos a expansão de um médico-veterinário para quatro profissionais. Eu tenho certeza que se fizer um projeto bem feito, se os municípios tiverem essa consciência e a gente buscar a lei, é viável e importante a presença de cinco veterinários por município (pequeno porte), sendo ainda mais profissionais nas cidades maiores.

Se conseguirmos criar essa parceria com os municípios, mostrar para a população a importância da nossa profissão para o desenvolvimento e para a saúde pública dos municípios, nós temos aí um grande aumento do mercado de trabalho e consequentemente a valorização. Atuando no poder público, sendo médico-veterinário, conseguiu enxergar essas ações e quanto nós precisamos nos unir acerca de realmente valorizar e criar mais campo de trabalho para nós.

Essa experiência do senhor à frente de Poços de Caldas é para nós um “case” de sucesso, porque é tudo o que discutimos aqui na relação do médico veterinário com a saúde única, despertar nos municípios e nos prefeitos essa relevância da presença do médico veterinário, porque tem município que não tem nenhum médico veterinário, então é uma pauta que a gente está trabalhando juntamente para despertar essa consciência.

Ulisses Guimarães, em Caldas, o senhor acredita que a população compreendeu a importância dos médicos-veterinários? O que o senhor diria para os prefeitos de outros municípios?

Em Caldas foi um processo tranquilo, onde os resultados começaram a aparecer rapidamente. Porém, precisamos realmente de uma legislação que crie essa obrigatoriedade de ter nossos colegas médicos-veterinários atuando nos municípios. Acredito que ainda não há essa consciência dos gestores, dos outros prefeitos, e precisamos levar isso a eles, mostrar, impactar e fazer com que seja uma obrigatoriedade através de legislação. Aí que entra a importância de termos representantes para fazer tudo isso se transformar em lei.

Ulisses Guimarães, além da questão educativa junto à sociedade, a obrigatoriedade é a melhor forma de viabilizar essa presença do médico-veterinário no município? Os benefícios serão percebidos depois, mas a forma de implantação seria por lei?

Justamente! Além dos bons exemplos que a gente pode usar como o caso de Caldas, temos que ter nosso representante para cobrar que cheguem em todos os municípios. Falando apenas dos municípios pequenos do nosso Estado, multiplicando por cinco veterinários em cada município, o quanto de mercado de trabalho e o tanto de ações para a saúde pública e desenvolvimento dentro dos municípios vão ser gerados e vão acontecer? É nesta questão que nós temos que persistir e pensar em cada passo para fazer com que seja algo concreto e em curto prazo. Realmente ter o médico-veterinário no serviço público com mais força e mais ação. Temos visto que a gente trabalha tanto, estuda, faz cursos, lutamos por uma qualificação melhor, mas infelizmente perto das outras profissões nós somos muito desvalorizados. Tendo o médico-veterinário atuando no serviço público, nós vamos ter cada vez mais força para reivindicar nossos direitos e é no púlpito que isso acontece, no Congresso, aprovando leis, assim conseguiremos essa valorização.

Ulisses Guimarães, não estamos falando somente de exercício profissional, mas de normativas que impactam o dia a dia das pessoas, dos profissionais, dos empresários, certo? 

O principal é que não se trata somente da Medicina Veterinária, mas também de bons serviços para a população e economia na saúde, e isso tudo com o nosso trabalho. Então, mais uma vez, precisamos mostrar que o nosso trabalho é justo, e até mesmo barato, pois o que traremos de retorno é muito maior do que os custos com a nossa atuação.

Ulisses Guimarães, estamos em um ano eleitoral, então qual mensagem o senhor deixa para os médicos-veterinários e zootecnistas que tem acesso aos canais do CRMV-MG, sobre a importância dessa opção consciente?

Estamos passando por um momento tão complicado, uma polarização de ideias, e pensar na bandeira do médico-veterinário cabe a nós. Não adianta reclamar depois, nós temos que nos unir agora, lutar de forma conjunta para trazer melhorias e benefícios para nossa profissão. Está na hora do médico-veterinário repensar as suas ações, no poder que nós temos. Nesse ano eleitoral, onde todos têm o mesmo peso na mão.

Se os médicos-veterinários se unirem e optarem por lideranças que vão realmente nos representar, nos ouvir e tratar nossas demandas e reivindicações, transformá-las em legislação, é possível mudar o cenário e ter a valorização que nós precisamos para a nossa profissão.

Ulisses Guimarães
Médico Veterinário, Produtor Rural e Gestor Público

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