Todo mundo sabe que Minas Gerais é o maior produtor de leite e queijo do Brasil. Conforme dados do Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais (Silemg), em 2020 o Brasil produziu 1,2 milhão de toneladas de queijo. Destas, 40% vieram de Minas Gerais.
Além do consumo para o mercado, naquele ano as exportações brasileiras de queijo alcançaram 76 milhões de dólares. Pode parecer muito, mas não é. A produção queijeira de Minas Gerais é de primeira qualidade e tem valor agregado.
Essa não é uma opinião pessoal, basta ver todos os prêmios que os queijos mineiros ganharam nos últimos anos em competições onde estiveram lado a lado com produtos europeus, por exemplo.
Em setembro de 2021, na 5ª edição do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers de Tours,realizada na França, os queijos brasileiros conquistaram 57 medalhas, sendo 5 super ouros, o mais alto prêmio. Do total, 40 foram para produtores de Minas Gerais.
Mais recentemente, em junho de 2022, Araxá sediou a ExpoQueijo, onde foi realizado o Concurso Internacional do Queijo. Foram mais de 600 peças participantes, produzidas em diferentes estados brasileiros e em cinco outros países. O corpo de jurados incluía brasileiros estrangeiro também. Entre os melhores queijos, que foram premiados com a medalha de ouro, dois são do Sul de Minas: o Maria Fumaça, produzido em Itanhandu, e o Sabor da Alagoa, feito na cidade de Alagoa.
Há muitos outros prêmios que poderiam ser citados, mas a questão que se impõe é: se os queijos de Minas Gerais estão entre os melhores do mundo, por que eles não são competitivos no mercado?
O Canal Rural mostrou que, em 2020, o Brasil exportou 4 mil toneladas de queijo, mas importou cerca de 31 mil toneladas. Ou seja, quase quatro vezes mais no mesmo período. Esse queijo estrangeiro chega aqui com valor mais alto e recebe benefícios. Por exemplo, em março deste ano o governo zerou a taxa de importação de queijos.
Quem me conhece sabe que eu sempre apoiei a cadeia produtiva do leite e do queijo. Mas precisamos ver uma valorização do nosso produto, ter incentivos para produzir cada vez mais e melhor, investir em tecnologia para aprimorar o que já é bom e receber apoio para exportarmos nosso produto como “primeira linha”, o que nem sempre acontece
A solução passa por Brasília, por um programa nacional que valoriza, sobretudo, o pequeno produtor. Afinal, um levantamento feito pelo Sistema Safra Agroindústria da Emater-MG mostrou que, em 2021, do total de estabelecimentos agroindustriais de leite e derivados do nosso estado, 92,6% era proveniente da agricultura familiar.
Há muitos números que mostram isso e são importantes para se entender o cenário. São 2,3 mil agroindústrias familiares de Queijo Minas Frescal, outras 927 de Queijo Muçarela e cerca de 400 unidades de processamento de Queijo Minas Padrão.
Quando se fala de queijos artesanais mineiros, temos 3,3 mil agroindústrias de Queijo Minas Artesanal, 600 unidades de processamento de Requeijão Moreno e ainda 570 de Queijo da Serra Geral.
O queijo “made in Minas” é bom, sô. O Brasil já sabe disso, agora precisamos fazer “o mundo todo saber”. Com políticas públicas assertivas e vontade política, tenho convicção que podemos fortalecer a produção e isso vai se refletir na economia do nosso estado e do país como um todo.
Ulisses Guimarães
Médico Veterinário, Produtor Rural e Gestor Público
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